Robinho foi, mais uma vez, comum

Certa vez, li um excelente texto à respeito de como Robinho havia conduzido as negociações de renovação contratual com o Santos, no meio de 2015, que não deram certo e culminaram com a saída do jogador para o futebol chinês.

Como de costume, Robinho sempre demonstrou gratidão ao Santos. Vejam bem, gratidão é algo diferente de amor. Grato ao Alvinegro Praiano, por tudo que proporcionou ao jogador e seu currículo, o atacante dava a prioridade ao clube, desde que estivesse de acordo com suas pedidas.

Dentro de campo, o Rei das Pedaladas sempre correspondeu, conquistou a torcida e, em todas as 3 passagens, trouxe títulos ao Santos.

Porém, fora de campo, tomou decisões que não combinam com a do ídolo que passou a ser por suas atuações e pelas glórias trazidas à Vila Belmiro.

Robinho podia se mostrar alguém especial. Podia…

Em 2005, brigou com o clube, falou que não jogaria mais no Santos, para ter sua saída ao Real Madrid facilitada. A negociação foi bem-sucedida e Robinho foi começar seu ciclo no futebol europeu, onde nunca conseguiu grande destaque.

Em 2010, voltou para uma curta passagem, de pouco mais de 6 meses, pelo Alvinegro. O Santos precisou de parceiros para bancar os salários do atleta que, como sempre, eram altos e fora dos padrões do futebol brasileiro. O esforço financeiro foi feito e o Pedalada correspondeu, e muito, em campo. Fez parte do fantástico time de 2010, ao lado de Neymar, Ganso e André, e conquistou o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil, desse mesmo ano. Conseguiu o que queria, visibilidade para poder disputar a Copa do Mundo da África do Sul, pegou suas malas e zarpou para o Milan.

Em 2014, mais uma vez apagado e esquecido no futebol europeu, às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, o atacante é emprestado ao Santos, que, novamente, aceita as irresponsáveis e exorbitantes pedidas financeiras de seu camisa 7 e paga metade dos vencimentos do jogador, a outra metade era paga pelo Milan. Robinho se manteve no Santos até o dia 30 de junho de 2015.

Essa última passagem reflete bem até aonde vai o suposto amor do jogador com o Santos. Com o clube em grave crise financeira, o atacante pediu 1 mi de reais por mês para a renovação de contrato. O clube, irresponsavelmente, aceitou. Tudo parecia certo, até que o dinheiro falou mais alto pra Robinho e uma proposta dita “irrecusável” da China chegou ao jogador, que assinou com o Guangzhou Evergrande-CHN por 6 meses e deixou o Santos, clube que tanto ama, na zona de rebaixamento do Brasileirão de 2015 e com péssimas perspectivas para o fim do ano.

Quem ama o Santos, não fala nada. Quem ama o dinheiro, levanta a mão.

O final, todos sabemos. Por pouco, o Santos não terminou o Brasileiro no G-4 e foi vice-campeão da Copa do Brasil. Balanço positivo se comparado ao que se esperava do clube quando o “ídolo” deixou o time.

Como falado acima, podemos concluir que, Robinho é inegavelmente ídolo, pelo que fez dentro de campo. Porém, sua postura fora dos gramados é a de um jogador qualquer que passa pelo Santos, que possa até ter gratidão ao clube, mas jamais amor pelo mesmo.

Atitudes de ídolo, dentro e fora de campo, são as de Renato. Um belíssimo e extraclasse volante nas 4 linhas e um sensacional ser humano fora delas. Perdoou uma dívida de 1 mi de reais do Santos, na sua saída para o Sevilla-ESP, jurou amor ao clube até em sua apresentação pelo Botafogo, voltou ao Alvinegro Praiano com um salário dentro da realidade do clube e honra, até hoje, o manto santista.

O antigo camisa 7 do Peixe seria muito importante dentro de campo. Ainda mais, com as saídas de Marquinhos Gabriel e Geuvânio. Porém, a “não vinda” dele pro clube, é mais importante ainda. Afinal, vemos que Modesto Roma Jr., por quem não morro de paixão, está tratando bem do clube, ao menos financeiramente. Isso nos faz lembrar algo. O Santos é maior e mais importante que qualquer jogador que tenha passado ou venha a passar por ele.

Robinho não apaga sua idolatria por tudo que fez e conquistou pelo clube, mas perde a oportunidade de aumentá-la e terminar sua carreira como um nobre, como sempre foi tratado no Santos e em Santos. O “Rei das Pedaladas” se mostra, mais uma vez, um comum no meio do futebol que precisa de mais “especiais”, como Tévez, Verón e, porque não, Rogério Ceni?

Robinho já se mostrou especial como jogador, mas poderia ter se mostrado especial como pessoa. Preferiu o dinheiro.

A certeza que fica é de que, com certeza, o Santos sobreviverá à ida de Robinho ao Atlético-MG e o atual elenco, e comissão técnica, têm total apoio da torcida para seguir 2016 como foi 2015. Brigando nas primeiras posições de todas as competições e jogando um futebol que agrada à quem vê.

Vamos, Santos!

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